domingo, 10 de maio de 2009

Manuela Ferreira Leite em entrevista ao i


  • O PSD

"O PSD está melhor agora do que estava quando ganhou a liderança, no Verão de 2008?

Estou absolutamente convicta de que está melhor e não há ninguém, mesmo de fora, que não o entenda: o PSD tem um objectivo, as pessoas estão motivadas, está bastante mais credibilizado do que estava. Tanto assim é que a forma como encaram todas as iniciativas e propostas do PSD, é própria de quem receia o PSD...

Eles, quem?

As oposições, mas muito especialmente o governo...(...)"


  • O passado
"(...)Evocou há pouco os três anos de poder do PSD. Que sobra hoje deles? Se voltasse atrás faria o mesmo?

Exactamente o mesmo. Estou absolutamente convicta de que aquilo que propusemos era o que o país precisava. E que o governo socialista veio, aliás, confirmar. Não há ninguém que diga que a política que estava a ser seguida era incorrecta.(...)"

  • A renovação
"(...)Voltando às escolhas: quais já teve de fazer no PSD?

A da competência, por exemplo. A da renovação. Tenho tido sempre uma enorme preocupação em contribuir para que a imagem do partido ? e o próprio partido ? melhorem no seu funcionamento e aí há dois aspectos fundamentais: tentar de alguma forma que as escolhas sejam por qualificação dos protagonistas. E veja a propósito a escolha da comissão política nacional do partido: um conjunto de grandes quadros do PSD! Mas, quando aqui entrei, tive a preocupação - que irei manter até ao fim - de contribuir para que o PSD se renove e rejuvenesça. Julgo que tenho feito os possíveis...

Onde estão os sinais disso?

Na escolha do Paulo Rangel para cabeça-de-lista às eleições europeias, por exemplo. É um evidente sinal de rejuvenescimento e renovação ter escolhido alguém totalmente independente da vida política, que não precisa da vida política para ter a sua profissão e a sua independência. É com preocupações desta natureza que se pode contribuir para que a imagem dos políticos melhore.

Paulo Rangel é exemplo de uma escolha de renovação. Então e Santana Lopes, que não implica renovação nenhuma? Nunca aplaudiu o seu modo de fazer política, nunca o defendeu como primeiro-ministro. Tem a noção de que o país, no mínimo, se espantou?

As escolhas das candidaturas autárquicas pressupõem um processo diverso, são feitas pelas distritais. Embora cabendo-me a última palavra, não tinha nenhum argumento sólido para vetar o seu nome...(...)"


  • A motivação
"(...)Apercebi-me que se perder a aposta com Rangel, a vida continua e a Dra. Manuela também, desmentindo até quem diz que esta liderança tem sido uma cruz. Mas olhando para si e para a sua segurança política...

Cruz? Não tem sido cruz nenhuma! Estou bastante empenhada, muito motivada e até lhe digo mais: estou muito entusiasmada! Nós queremos ganhar as eleições e tenho dificuldade em imaginar outra coisa. Se por qualquer motivo esse cenário não se verificar, continuo a considerar que o Paulo Rangel é um excelente candidato, que foi o que melhor resultado conseguia obter e, repito, o que dá uma imagem de renovação do partido.

Assume-se como católica e no entanto essa dimensão não a fez desaguar naturalmente na democracia-cristã, mas na social-democracia. Que peso ou influência tem essa dimensão cristã na actividade política? São compartimentos estanques, ou esses valores encenam de algum modo a sua actividade diária na política?
Não são nada questões estanques, antes verdadeiramente condicionadoras da minha actividade.

Em que sentido?

No sentido de serem as questões que mais me preocupam. A solidariedade social, apoiar os mais desprotegidos, a procura de uma política em que esteja mais presente, cada vez mais presente, a justiça social. Nada disso me é indiferente.

Quem a conduziu à social-democracia?

Para mim teve uma enorme influência no facto de ter escolhido este partido e não outro, a figura do seu primeiro líder. Sá Carneiro, que era um social-democrata, exerceu uma imensa influência em mim. Identifiquei-me muito com ele, aprendi muito com ele, foi um exemplo. E mantém-se hoje uma referência. Como o Prof. Cavaco Silva.(...)"

  • O voto no PSD
"(...)Dê-me duas, três razões que ditem uma preferência no voto no PSD liderado por si e não no PS de Sócrates?

Um: o facto de considerar que, tal como tenho insistido, há aqui uma política de verdade. Detesto política de fantasias. Dois: não faço promessas que nunca pensarei executar. Três: acredito que o projecto do PSD para o país é aquele que conduzirá ao seu crescimento e ao bom combate contra a crise. O PS já provou o contrário.(...)"

  • O bloco central
"(...)Seja sob que forma for, os portugueses já praticamente interiorizaram uma coligação futura, de que o seu partido será certamente um dos protagonistas. Se o Presidente da República promover um bloco central, dir-lhe-á que não?

Tenho muita dificuldade em responder a essa pergunta em termos tão gerais... A pergunta não pode ser mais concreta. Primeiro, não advogo a necessidade de uma maioria absoluta para governar o país. Só perante factos e protagonistas concretos é que poderia responder-lhe.

Protagonistas concretos? A senhora e o Eng. Sócrates.

Mas esse protagonismo é absolutamente inviável, porque se há pessoas diferentes no país somos eu e o Eng. Sócrates. Há casamentos que à partida sabemos que não funcionam... (...)"


Ver entrevista na íntegra: Aqui

Sem comentários: